Lançado em 2014 e vencedor do Prêmio do Público no Festival de Sundance, Alive Inside – A História de Música e Memória, dirigido por Michael Rossato-Bennett, acompanha a jornada de Dan Cohen, fundador da Music & Memory, em uma missão simples e profunda: levar playlists personalizadas para pacientes com Alzheimer e outras doenças degenerativas. O resultado é um registro emocionante sobre como a música pode despertar lembranças adormecidas e devolver dignidade a quem vive à margem da própria memória.
A melodia como terapia
O documentário apresenta a musicoterapia não como recurso alternativo, mas como ferramenta potente de cuidado e reconexão humana. Ao ouvir canções de sua juventude, pacientes antes apáticos ou retraídos passam a reagir com expressões, palavras e até movimentos. Esse despertar revela que, mesmo quando a mente perde referências, a música permanece como um arquivo emocional resistente ao tempo.
Rossato-Bennett alterna imagens de reações emocionantes com explicações de especialistas em neurociência, que demonstram como áreas do cérebro ligadas à memória afetiva respondem fortemente aos estímulos musicais. A proposta vai além do tratamento: é um ato de empatia e humanização no cuidado a idosos.
Entre ciência e emoção
O filme se equilibra entre o impacto pessoal de cada história e o respaldo científico que sustenta a prática. Médicos, cuidadores e familiares relatam melhorias significativas no humor, na comunicação e no engajamento social dos pacientes. Para muitos, é como se uma parte da identidade tivesse sido devolvida, ainda que por alguns instantes.
A abordagem de Cohen mostra que o cuidado em saúde não se limita a protocolos clínicos. É sobre compreender a singularidade de cada pessoa, sua história e suas referências culturais — um ponto que ganha relevância em um mundo onde o envelhecimento populacional é cada vez mais expressivo.
Música, memória e dignidade
Alive Inside também levanta reflexões sobre desigualdade no acesso a terapias que priorizam qualidade de vida. Nem todos os pacientes têm condições de receber cuidados tão personalizados, o que torna iniciativas como a Music & Memory essenciais para democratizar o uso da música como ferramenta terapêutica.
Ao final, o documentário deixa claro que a música não cura a doença, mas resgata algo igualmente valioso: a sensação de pertencimento, a alegria e a lembrança de quem se é. Nesse sentido, a obra não fala apenas de neurociência, mas de humanidade.
