Exterminate All the Brutes (2021) é uma minissérie documental em quatro episódios que mistura narração ensaística, dramatizações e imagens de arquivo para examinar a violência sistemática do colonialismo europeu e da escravidão. A produção provoca reflexão sobre racismo estrutural, genocídio e as narrativas históricas que silenciaram milhões de vozes marginalizadas.
Colonialismo e genocídio
A minissérie conecta conquistas coloniais, exploração econômica e extermínio de povos indígenas e africanos, mostrando como essas ações formaram a base da violência moderna. Por meio de encenações e dados históricos, Peck evidencia que genocídio e escravidão não foram incidentes isolados, mas parte de um projeto contínuo de dominação global.
Através de uma narrativa crítica e poética, o espectador é convidado a questionar como essas estruturas históricas ainda influenciam desigualdades raciais, políticas e econômicas no mundo contemporâneo.
História silenciada e narrativas contestadas
Peck desmantela a história oficial ao incluir perspectivas de autores como Sven Lindqvist, Roxanne Dunbar-Ortiz e Michel-Rolph Trouillot. As dramatizações com Josh Hartnett ilustram a violência simbólica e física do poder colonial, enquanto o ensaio pessoal de Peck conecta passado e presente.
O foco está em evidenciar as histórias invisibilizadas e a responsabilidade coletiva em reconhecer como a memória histórica influencia sociedades e instituições até hoje.
Estilo visual e narrativo
A produção se destaca pelo estilo ensaístico híbrido: narração em primeira pessoa, reconstituições dramáticas, imagens de arquivo, animações e montagem poética. A estética é visualmente densa e carregada, refletindo a gravidade do tema e o impacto emocional da história contada.
Essa abordagem não linear estimula reflexão crítica, misturando didática e experiência sensorial para desafiar o espectador a confrontar a brutalidade histórica de forma intensa e envolvente.
Impacto e recepção
Lançada na HBO em abril de 2021, a minissérie recebeu aclamação crítica, sendo considerada uma das obras documentais mais ousadas de Raoul Peck. Reconhecida pelo Rotten Tomatoes com mais de 90% de aprovação, tornou-se referência em discussões sobre racismo, colonialismo e memória histórica.
A obra também gerou debates globais sobre heranças coloniais e justiça histórica, consolidando seu papel como manifesto audiovisual que conecta passado e presente.
